Rombo no caixa das lojas Americanas e o papel das Factorings - AG Antecipa

Rombo no caixa das lojas Americanas e o papel das Factorings

No último mês, não se fala em outra coisa a não ser o “Rombo no Caixa das Americanas”, principalmente para quem faz parte do mercado financeiro. Com isso, surgiram muitas especulações e questões sobre como não foi percebido tamanha falta no caixa, e neste artigo, nós vamos comentar sobre o caso e também te mostrar onde está a relação entre o ocorrido e o universo do fomento mercantil. Continue lendo para entender! 

O Rombo de R$ 43 bilhões no Caixa das Americanas: entenda o caso!

De forma resumida, o furo no caixa partiu de questões relacionadas à falta de registro das dívidas que a Americanas possuía com os fornecedores e bancos. A operação da empresa consiste na compra das mercadorias dos fornecedores, e antes mesmo dos produtos serem vendidos, a marca quitava essa dívida através de um empréstimo bancário. Com isso, o fornecedor recebia o valor devido, mas a Americanas pagava a instituição financeira com seus devidos juros.

Apesar de ser totalmente legal, o único fator que a marca não se atentou foi no registro das dívidas e, principalmente, dos juros. Ou seja, ao invés da empresa registrar o valor que devia para o banco, era registrado o valor devido ao fornecedor – que não possuía juros – e que, ao longo de longos anos, foi se acumulando até se transformar nos R$ 43 bilhões anunciados pela mídia.

Além disso, outro grande problema que afetou o caixa da empresa foi o fato de que os acordos entre os bancos e a Americanas tinham condições variáveis, que fez com que os juros crescessem e os prazos diminuíssem, aumentando ainda mais sua dívida

Americanas pede Recuperação Judicial

O processo de recuperação judicial acontece quando a empresa tenta renegociar suas dívidas com os credores, ou seja, é uma tentativa da marca para tentar descontos e novos prazos para a quitação. Esse processo, apesar de estar muito mais ágil hoje em dia, pode levar meses ou anos para ser esclarecido. 

Durante esse período, a Americanas estudou vender alguns de seus ativos, mas a liminar caiu quando o BTG derrubou, neste caso, os bens se tornam objetos de negociação numa futura recuperação judicial. O grupo, além da própria rede de lojas da Americanas, também é dona da rede Imaginarium, Puket, Natural da Terra e Hortifruti, além de lojas de conveniência BR Mania. 

Quem é afetado com o rombo das Americanas?

Muitas pessoas foram e serão impactadas direta ou indiretamente, depois do episódio anunciado. Grande parte dos fundos de investimentos são credores das Americanas, mas que também possui muitos investidores menores envolvidos. Estima-se que, entre todos os credores, existam cerca de 140 mil investidores no grupo. 

Depois da divulgação do rombo bilionário, as ações da empresa apresentaram uma queda de quase 80% nas suas ações, o que afetou até os clientes do Nubank, que possuíam aplicações em um fundo de renda fixa do banco. Alguns clientes relataram que as carteiras do banco digital apresentaram rentabilidades negativas na semana do anúncio, isso porque possuem investimentos em crédito privado e, parte destes recursos, eram alocados em debêntures, os títulos de dívida da Americanas e, por isso, sofreram diretamente com a situação.  

As “Caixinhas” do Nubank, fundo recomendado para guardar dinheiro de acordo com os objetivos, chamada de “Nu Reserva Imediata”, viu sua rentabilidade ficar no vermelho, pois estima-se que cerca de 1% de todo o patrimônio estava alocado em debêntures das Lojas Americanas, de acordo com dados apresentados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com isso, o que antes rendia ao equivalente de 109% do CDI, passou a render apenas 37% do CDI.

Como empresas do Fomento Mercantil poderiam contribuir em situações como o "Rombo das Americanas"?

Um cliente que está em processo de recuperação judicial não deve enxergar isso como fim da linha para a empresa. Isso porque existem opções legais e favoráveis a estas situações, e existem muitos fundos que operam com empresas em Recuperação Judicial.

No caso das factorings, nem sempre a empresa pode operar diretamente com uma empresa nesta situação, porém, é adquirido o direito de crédito dos sacados em dia com o plano aprovado e que estão adimplentes com a nova situação da empresa.

Ou seja, de forma resumida, a empresa que está em Recuperação Judicial, não pode ter restrições recentes para que possa operar junto à uma factoring. 

Uma empresa, que ainda está em operação no mercado, pode adiantar seus recebíveis futuros, em troca de uma taxa – fator operacional – descontada no valor final da quantia a receber.

E com esse dinheiro adiantado, ela pode quitar suas dívidas, e ainda reduzir o percentual de juros oferecidos pelas grandes instituições financeiras, principalmente quando está negativada, com restrições ou com pouco crédito disponível para ela.

O banco, quase sempre, não opera ou renova linhas de créditos para empresas negativadas e, com isso, empresas do fomento mercantil – factorings – se tornam uma ferramenta de obtenção de crédito e giro no fluxo de caixa, que é importantíssimo para a sobrevivência do negócio. 

O principal erro das Lojas Americanas foi não considerar os juros que deveriam ser pagos para os bancos onde realizou os empréstimos, que poderia ter sido amenizado, caso a empresa operasse junto à uma factoring nos anos anteriores, através do adiantamento dos valores que receberia futuramente. Ainda assim, ela conseguiria quitar as dívidas com seus fornecedores, sem deixar dinheiro na mesa ou se enrolar pelo excesso de juros que deveria pagar aos bancos. 

A operação feita pelas Lojas Americanas era chamada de “Risco Sacado”, ou seja, a empresa tinha crédito sobrando, mas a gestão acabava se confundindo com as renovações de linhas de crédito já vencidas, e prorrogava o pagamento para acima de 180 dias.

Com isso, o que já parecia pago, na verdade, era uma lacuna entre receber e pagar os empréstimos. Depois disso, com a saída dos diretores que estavam à frente da operação, a situação chegou ao limite e no ponto onde foi divulgado pela mídia.

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